Era uma vez uma pequena nação que vivia sob a bota pesada de seu líder, o General Bigode. Nesse país excessivamente quente e infestado de moscas, mora uma família disfuncional, a começar pelo pai, um militar gago — e também o favorito do General — que ostenta as incontáveis medalhas conquistadas graças aos serviços prestados à pátria, e pela mãe, mulher traumatizada por uma tragédia familiar que encontrou no casamento a chance de uma vida mais confortável, ainda que a maternidade lhe seja insuportável. Dessa união, nasceram três filhos: Cassandra, a mais velha, perspicaz e manipuladora, sexualmente atraída por objetos, sobretudo enferrujados; Caleb, o do meio, detentor de um dom único e mórbido; e a caçula Calia, que se recusa a falar e desenha animais hiper-realistas com talento excepcional. Em desespero por ter sido afastado do governo, o pai instaura uma violenta autocracia na própria casa, obrigando os filhos, que até então viviam em discórdia, a se unir contra a intransigência paterna e a alienação materna. Em ritmo frenético, a narrativa dispara rumo a um desfecho imprevisível. Elaine Vilar Madruga constrói uma fábula insólita e envolvente, equilibrando com genialidade toques de realismo mágico, humor macabro e grotesco e até mesmo lirismo para falar dos horrores do autoritarismo e da opressão em todos os seus níveis, do coletivo ao individual. A autora implanta no riso e no espanto suas principais armas de resistência. MOTIVOS PARA LER ESTE LIVRO 1. Vencedor do Cálamo na categoria “Livro do Ano 2021” (escolhido por votação dos leitores), um dos prêmios literários mais importantes da Espanha.. 2. A edição do original é da escritora Cristina Morales, que também assina o prefácio da obra. 3. Elaine Vilar Madruga constrói uma fábula insólita e envolvente, equilibrando com genialidade toques de realismo mágico, humor macabro e grotesco e até mesmo lirismo para falar dos horrores do autoritarismo e da opressão em todos os níveis, do coletivo ao individual. O riso e o espanto constituem suas principais armas de resistência. 4. As mudanças de foco narrativo, apresentando as perspectivas dos três irmãos, conferem dinamismo à narrativa, além de mostrar a riqueza da construção do mundo interno de cada personagem. 5. A imprecisão quanto a tempo e lugar transformam a obra de Vilar Madruga em uma espécie de fábula moderna que se aplica a qualquer tempo-espaço em que haja autoritarismo e repressão. Ainda que a autora venha de uma realidade complexa como a de Cuba, ela transcende aspectos locais e alcança um debate mais universal.. 6. O diálogo como recurso de estilo tem destaque nas cenas em que a mãe, obcecada por tratar os filhos como se fossem pacientes em análise, os interroga usando jargões psicanalíticos. São capítulos inteiros construídos em falas tensas, sarcásticas, em que o clima disfuncional da relação entre mãe e filhos se torna palpável. ELOGIOS “[...] um romance ambicioso com um controle avassalador e preciso da linguagem do fantástico e do terror. Um texto dotado de um lirismo que não embeleza nem esconde a raiva latente em sua prosa.” — El Diario SOBRE A AUTORA Elaine Vilar Madruga (Havana, 1989) é graduada em Artes Cênicas, com especialização em Dramaturgia, pelo Instituto Superior de Arte de Cuba (ISA), e leciona escrita criativa. Ganhou vários prêmios nacionais e internacionais, e seu trabalho tem sido publicado em diversos países. Vilar Madruga amplifica sua voz em romances adultos e infantojuvenis — marcados por influências da literatura fantástica e da ficção científica —, contos, poesia, teatro, jornalismo e crítica.