Os estágios de formação da vida são descritos em A magia de cada começo, uma reunião de textos autobiográficos, de Hermann Hesse, autor vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, traduzidos pela aclamada Lya Luft e inéditos no Brasil.
“Cada ser humano não é apenas ele mesmo, é também o ponto único, todo especial, sempre importante e singular, onde os fenômenos do mundo se cruzam uma única vez e, dessa forma, nunca mais. Por isso a história de cada ser humano é importante, eterna, divina. Por isso cada ser humano, enquanto viver e cumprir a vontade da natureza, é maravilhoso e digno de todo cuidado. Em cada um, o espírito se tornou forma; em cada um, a criatura sofre; em cada um, um salvador é crucificado...
A vida de cada pessoa é um caminho para si mesmo, a tentativa de um caminho, a insinuação de uma trilha. Nenhum ser humano jamais foi inteiramente si mesmo, mas cada um de nós luta para tornar-se si mesmo. Alguns de maneira apática, outros, de modo mais leve, cada um como pode. Cada um carrega até o fim restos de seu nascimento, a linfa e a casca de seu ambiente original, primitivo. Muitos nem se tornam humanos, permanecem sapo, lagartixa, permanecem formiga. Muitos são em cima humanos, embaixo peixe. Mas cada um é um esforço da natureza em busca do humano. As origens de todos nós são comuns, as mães, todos saímos do mesmo orifício; mas cada um se esforça, num esforço e empenho das profundezas, na direção de suas próprias metas. Podemos entender uns aos outros, mas interpretar cada um só pode a si mesmo.”
Usando os exemplos da própria história de vida, A magia de cada começo é uma reunião de textos autobiográficos de Hermann Hesse que descrevem e refletem os “estágios do desenvolvimento humano”, da mais tenra infância aos últimos anos de vida. Com a habilidade de escrita de um dos mais importantes escritores do século XX, vencedor do Nobel de Literatura e autor de clássicos como O Lobo da Estepe, Demian e Sidarta, é impossível não se reconhecer neles. Afinal, por mais variada que sejam as experiências de uma vida, no fim somos todos, inegável e inexoravelmente, humanos.