“É muito bom o romance de Carlos Aletto, eu o li na pausa ideal da espera — um pouco melancólica também — entre uma mudança e uma viagem de avião, mas estava tão entusiasmado com a prosa do livro que quase perco o voo.”
Ricardo Piglia
“Apesar do título, uma imagem de disrupção que na realidade é um disfarce, a melancolia, que é um estado ou um sentimento, vista a partir da anatomia, que é um fato físico-biológico, Anatomia da melancolia se apresenta, outro disfarce, como o que ultimamente esteve em alta na literatura argentina, o romance chamado “histórico”. Disfarce porque não é romance histórico embora faça referência, tomando uma distância poética, a certos acontecimentos ou fatos, de passados míticos. E não o é, tampouco, porque desafia a credibilidade e remete a uma zona de linguagem selvagem que não é um tumulto desenfreado de palavras e sim uma sábia administração verbal, uma espécie de barroquismo não barroco, no sentido escolar da palavra, talvez próprio das fantásticas e aterrorizantes noites nórdicas, como que recuperando, com palavras, o mundo tenebroso e maravilhado dos Bosch ou dos Brueghel. O efeito é deslumbrante: “parece” convocar a certo anacronismo, mas na realidade atua uma contemporaneidade que corta a respiração, é um desafio ao comodismo, um convite a retornar à literatura para daí voltar para a inteligência e a sensibilidade.
Um livro como este, desafiante, deliberadamente, do usual da narrativa, devolve confiança a leitores desesperançados, mas que, contra toda tirania de descuidados lugares-comuns, continuam acreditando numa literatura que significa alguma coisa para uma cultura que se continua buscando”.
Noé Jitrik
Carlos Daniel Aletto (Argentina, 1967) é escritor e ensaísta. Entre suas obras se destacam Julio Cortázar: Diálogo para una poética (2014), Antes de perder (2010) e Capítulo Borges (2007). Desde 2011 é diretor do SLT (Suplemento Literário da agência de notícias nacional da República Argentina, Télam). Fundou e editou a revista “Unicornio, un caballo con suerte” (1992-1994) [“Unicórnio, um cavalo com sorte”]. Em dezembro de 2014 fez parte da delegação de escritores argentinos na Feira Internacional do Livro de Guadalajara (México) — organizada pela prestigiosa universidade dessa cidade mexicana — que teve a Argentina como país convidado de honra.