Nada escapa ao olhar testemunhal de Plínio, o Jovem, nada é estranho ou alheio a suas epístolas: a erupção do Vesúvio, que destruiu cidades e matou Plínio, o Velho, seu tio; as decisões importantes do Senado; o interrogatório de cristãos presos por causa de sua fé; o assassinato de um senhor pelos escravos, mas também a doença de um parente, a educação de um jovem, a opinião de Plínio sobre a qualidade da poesia e da oratória do tempo e principalmente o modo extraordinário como descreve (como quem pinta!) a beleza de uma região, de um lago, de uma propriedade, de uma estátua. Nada lhe escapa, nem mesmo a mágoa de não receber mensagens, que registra em bilhetes tão curtos como são hoje os de aplicativo, Os romanos nos legaram magníficos escritores que registraram eventos grandiosos (Cícero, César, Virgilio, Tito Lívio) e legaram igualmente escritores como Plínio, o Jovem, que além de tratar de assuntos maiores, soube, mais do que todos, com muita delicadeza tratar também de assuntos menores e até de coisas pequenas, matéria que nem por isso deixa de importar muito ao nosso dia a dia.