Em nova coletânea, um dos principais autores contemporâneos de ficção científica continua a estimular reflexões sobre as grandes questões da humanidade
Depois um dos contos de História da sua vida e outros contos ter inspirado o filme A Chegada–, Ted Chiang volta a nos apresentar nove histórias, sete delas publicadas entre 2005 e 2015 e duas inéditas.
O conto que dá título ao livro, ganhador do prêmio Hugo em 2009, é a mensagem alarmante de uma civilização muito mais avançada e já extinta de seres com órgãos mecânicos. Com cilindros de ar no lugar de pulmões, eles acreditam que viverão para sempre, até que um cientista resolve investigar a si mesmo e faz uma incrível descoberta: o ar respirável só existe porque seu fluxo no universo está em desequilíbrio, numa espécie de osmose.
Já “O Grande Silêncio” mostra os esforços dos seres humanos em busca de vida inteligente alienígena, apesar de não conseguirem conviver sequer com outras espécies no próprio planeta. Em “A ânsia é a vertigem da liberdade”, Chiang cria um mundo onde se questiona o tempo inteiro a existência do livre-arbítrio, uma vez que existe um dispositivo que permite que as pessoas se comuniquem com versões de si mesmas em universos paralelos. Se hoje dispomos de gadgets com inteligência artificial em uma fase quase inicial de desenvolvimento, em “O ciclo de vida dos objetos de software” vemos como a ideia de animais e pessoas robotizadas com níveis de inteligência artificial elevados ao extremo nos faria repensar os conceitos de “ser vivo” e “direitos”.
Misturando doses certas de ficção científica às nossas questões mais antigas enquanto espécie e indivíduos, a narrativa de Chiang impressiona e estimula profundas reflexões sobre o homem, a humanidade, a sociedade e o livre-arbítrio.