A presente obra lança um novo olhar sobre o pensamento social e político de Benjamin Franklin — um dos mais notáveis entre os pais fundadores da nação estadunidense no século XVIII. Sua concepção de sociedade civil exerceu grande influência na formação da mentalidade do homem do Novo Mundo. Essa mentalidade inaugura um novo modo de conceber a vida em sociedade, exaltando tudo o que se opõe aos valores da velha ordem. Contra o princípio da honra, os títulos de nobreza e a posição social dos indivíduos, ela exalta a virtude republicana, celebra o trabalho e reclama o respeito à dignidade humana, intrínseca a todos os homens, independentemente da sua condição de nascimento. Longe de degradante, Franklin entendia o trabalho como energia vital do homem e expressão de sua liberdade. Para ele, mais do que um meio para obtenção da riqueza, o trabalho servia para promover a virtude na medida em que libertava o homem da condição de pobreza, servilismo e dependência da boa vontade dos outros. Sua ideia central era de que um homem não pode ser considerado verdadeiramente livre se não for, ao mesmo tempo, politicamente livre e economicamente independente. Sua concepção de sociedade civil apresenta-se articulada com princípios que remontam ao antigo ideal da civitas libera, ou Estado livre, que havia predominado na Roma republicana de Tito Lívio, foi revivido e adaptado no Renascimento italiano, sobretudo por Maquiavel, e retomado no século XVII pelos defensores da causa republicana inglesa. No século XVIII, essa influência chegou até as colônias inglesas na América do Norte e teve em Benjamin Franklin um dos seus principais representantes. Aqueles que, sob a influência da obra de Max Weber, A Ética protestante e o Espírito do capitalismo — em que Franklin é tomado como figura paradigmática do espírito capitalista —, e rapidamente concluem que ele era um liberal individualista, terão uma grata surpresa ao ler esta obra.