Guerra de ninguém é, num primeiro relance, uma seleção de momentos de morte. No entanto, ela é apenas aquilo que põe em relevo as vidas a que a morte, num repente, faz insignificantes, anônimas. Guerra de ninguém. Os diversos modos de morte apontam para um sujeito anônimo, aqui, ali e além, nos quatro quadrantes do mundo. A morte apenas culmina as tantas mortes que as perdas, miúdas, cotidianas, prefiguram.
Sidney soube resistir ao comum do modo literário mais corrente: não há aqui imprecisão, indecisão, vagueza; os fatos pesam [...]
Aqui, nenhum efeito gratuito – prova da prosa proposital de Sidney Rocha; uma operação de desbaste deixou a narrativa densa e depurada; como as pedras preciosas – que não porejam. [...]
A força do estilo é a do sangue fresco. [...]
Agora é o autor que atira no escuro, para atingir um provável leitor com o oposto de um sedativo: o ritmo do texto como uma música a convocar a vida. Morrer, como saber? Mas, viver dói. Assim, Sidney Rocha, com Guerra de ninguém marca um bom momento da literatura brasileira.
LOURIVAL HOLANDA