A financeirização é um processo complexo, originado de contradições profundas do capitalismo. Visões “moralistas” ou “voluntaristas” — de que ela seria mero produto da ganância e do mau-caratismo de Wall Street ou da simples iniciativa de financistas de cooptar ou enganar os governantes —, embora tenham elementos de verdade, são ingênuas e não apreendem aspectos centrais da questão. Além disso, o termo financeirização foi muitas vezes associado de forma equivocada à ideia de que a produção de valor se tornava financeira ou de que a atividade industrial estaria encolhendo e sendo relegada a segundo plano — o que é absolutamente falso. Na verdade, trata-se da predominância da lógica financeira nas atividades econômicas (e na sociedade e na política), que leva à intensificação e à diversificação da exploração do trabalho para atender à apropriação rentista da riqueza produzida. Uma série de processos comuns ao neoliberalismo é desencadeada ou reforçada: precarização, desemprego, endividamento crônico (de famílias e Estados), crises frequentes, degradação ambiental, entre outros aspectos que serão esclarecidos durante a leitura.