Neste romance autoficcional instigante, acompanhamos uma jovem que encontra na prostituição uma fonte de prazer e de poder. La Maison apresenta a realidade dos bordéis e das mulheres que trabalham neles, mas desmonta todos os estereótipos relacionados ao assunto.
Intrigada com as mulheres que têm como profissão a comercialização do próprio corpo, e tendo a intenção de escrever um romance, a escritora e estudante parisiense Emma Becker se mudou, aos 25 anos, para Berlim, onde a prostituição é legalizada. Sob o nome de Justine, personagem de Marquês de Sade, começou a trabalhar na Maison, um bordel que dava especial liberdade às suas funcionárias. Nos dois anos em que trabalhou como prostituta, na Maison e no Manège ― sendo aquele o paraíso e este, o inferno ―, Emma conviveu com mulheres que eram mães, estudantes e até esposas que escondiam dos maridos sua ocupação.
Fascinada por elas, entre o prazer e a admiração que sentia ao observá-las, Emma narrou sua própria experiência e o afeto por suas “irmãs” — frequentemente acompanhado de amor e desejo. O resultado é esta autoficção audaciosa, considerada por alguns como feminista à sua maneira, repleta de encantamento e realidade. Das melhores às piores experiências, acabamos por nos aprofundar na motivação dessas mulheres e no poder que exercem sobre si mesmas e sobre os homens.
La Maison é um romance que não apenas dispensa estereótipos ligados à prostituição, mas os desafia, apresentando de forma multifacetada quem escolhe essa profissão — no caso de Emma e de outras, não por estrita necessidade, mas por vontade. A partir de uma perspectiva inusitada, e por vezes apaixonada, adentramos as portas daquele bordel berlinense e conhecemos a história das mulheres que trabalharam ali.
“Não consigo reler meus livros sem perceber que sempre escrevi sobre mulheres. Sobre o fato de ser mulher e sobre como isso assume milhares de formas. E esta sem dúvida será a obra de minha vida: matar-me querendo descrever esse fenômeno e aceitar a impressão de ter, em algumas centenas de páginas, avançado meio centímetro. E me esforçar para ficar satisfeita com esse meio centímetro, como se fosse uma grande descoberta. Escrever sobre as putas, que são uma caricatura das mulheres, a nudez esquemática desse estado, ser uma mulher e nada além disso, ser paga por isso, é como examinar meu sexo em um microscópio. E sinto a mesma fascinação que um técnico de laboratório ao observar as células essenciais a toda forma de vida se multiplicarem entre duas lâminas de vidro.” - Emma Becker)
Classificação indicativa: 18 anos.