Nova edição de Laços de família em capa dura e forração de tecido para coleção Clarice Essencial.
Clarice Lispector se aplica, mais do que a nenhum outro escritor brasileiro, aquilo que em si próprio detectava o escritor argentino Julio Cortázar, como um estranhamento, el sentimento de no estar del todo – a sensação de não pertencer, descrita por Clarice: “Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi de pertencer… de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada nem a ninguém… Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma.”
O desajustamento crônico às pessoas, ao círculo social, às correntes literárias, ao casamento, ao próprio amor foi uma constante na vida da menina russa exilada que se transformou numa das maiores expressões da literatura brasileira. Clarice alternava sua produção de romances, crônicas e livros infantis com contos. Nestes se mostrou uma mestra incomparável.
Laços de família, publicado pela primeira vez em 1960, chega às livrarias com novo projeto gráfico, idealizado por Victor Burton em comemoração ao centenário de Clarice Lispector, e posfácio inédito de Clarisse Fukelman. Esta edição em capa dura faz parte da coleção Clarice Essencial. São treze contos, hoje tidos como clássicos. Entre eles, os festejadíssimos “Amor”, “O crime do professor de Matemática”, “O búfalo” e “Feliz aniversário”.
Neles os personagens são sempre surpreendidos por uma modalidade perturbadora do insólito, no meio da banalidade de seus cotidianos. Clarice cria situações onde uma revelação, que desconstrói e ameaça à realidade, desvela a existência e aponta para uma apreensão filosófica da vida. Em Laços de família, Clarice aprofunda sua técnica narrativa em uma abordagem quase fenomenológica.