Livro - Linguagens da arte

A presente obra nasce da proposta de Susana Rangel Vieira da Cunha e Rodrigo Saballa, de serem abordados temas recorrentes e relevantes discutidos por profissionais que atuam na Educação Infantil e na arte-educação, considerando os terrenos de interface e as fronteiras entre essas áreas, mas de um modo que pudesse ser ressaltado que a mobilização do pensamento docente sobre os sentidos e significados de seu trabalho acontece com maior força e energia quando são permitidos e valorizados seus processos de planejamento e criação, com autoria nas práticas pedagógicas. Desenvolver-se é prerrogativa da docência, e as investigações apresentadas nos capítulos deste livro reivindicam esse direito, considerando que a identidade docente se constrói – de forma relacional e mediante os constantes desafios − e também se propaga – de forma coletiva, dentro dos contextos sociais e culturais pelos quais transitamos. É uma constituição de si mesma(o) como profissional, e não algo que se tenha pronto. Dá-se pelas múltiplas interações que temos desde o princípio da vida com a família, as culturas, a escola, depois com as reformas educativas e as circunstâncias políticas, e reivindica compromisso pessoal com as pautas da Arte/Educação e dos estudos das infâncias. Mediante os desafios sociais, culturais, econômicos, ambientais e políticos que vimos enfrentando em nosso país, o presente livro representa para arte-educadoras(es) de todas as linguagens e para professoras(es) que ensinam por meio das artes uma potência de reflexões sobre a educação das múltiplas infâncias que presentificam o espaço brasileiro, a qual aponta para uma importante atitude: a não indiferença. Assumir e reassumir o compromisso de combater uma educação baseada em lógicas mercadológicas e descontextualizadas é também tarefa de profissionais da Educação Infantil e das Artes. É preciso despertar dos sistemas acostumados, libertar dos aprisionamentos naturalizados. O livro vai na contramão de pedagogias burocráticas do mainstream e de pedagogias de natureza transmissiva, que não raramente vão sendo legitimadas, dando vulto à uniformidade curricular, às rotinas e formalizações, à despersonalização das pessoas envolvidas no ato pedagógico. A obra, em seu conjunto, propõe descostumar de lógicas regressivas dominantes no sistema educativo, para a composição de uma educação estética com as crianças voltada a novos contratos sociais, com maior reconhecimento de que as artes, em sua diversidade e criticidade, e educadoras(es) artístico-brincantes desempenham um papel fundamental na promoção da transformação humana.