Miguel é fotógrafo de cemitérios. Artista reconhecido, premiado. Miguel possui dinheiro, fama e nenhum amor. Mesmo entre amigos, Miguel está só, terrivelmente só.
Com maestria, o escritor Mike Sullivan explora neste livro o universo de um homossexual oprimido pela família religiosa e o custo dessa repressão ao longo de sua vida. Entre drogas, cinismo e abandono, o personagem se destrói perante a sociedade, e ao mesmo tempo cresce diante do leitor. Acompanhamos sua trajetória por diversos cemitérios, como o bizantino, com suas sepulturas em formato de pequenas igrejas, ou ainda nas ruínas de capelas perdidas em beira de estrada, nos balcões de bares gays, em casa à espera do próximo michê.
Num fino diálogo com Deus, surgem discussões existenciais e também sobre ignorância e preconceito. Tudo isso alinhavado por um enredo instigante, que trata da fascinação do homem pela morbidez, capaz de prender cada um de nós ao destino de Miguel e de todas as mortes de sua vida.
Ninguém me ensinou a morrer é, em definitivo, um livro para ser vivido.
Paula Fábrio