Publicado em 1985 no Japão e inédito no Brasil, O Fim do Mundo e o impiedoso País das Maravilhas é uma das obras mais notáveis de Haruki Murakami. Neste romance vencedor do prêmio Tanizaki, o autor intercala duas narrativas para compor uma obra singular que é, ao mesmo tempo, mistério e ficção científica.
A caminho do laboratório de um velho professor, um programador pega um elevador enorme e tão lento que não é possível saber se está subindo ou descendo. Ao chegar, é recebido por uma bela jovem, ela indica o caminho e eles passam a percorrer corredores infinitos e caminhos subterrâneos. No trajeto, não ouve ou sente sua própria respiração, e é como se as palavras que ela diz chegassem aos seus ouvidos através de uma espessa parede de vidro.
Em paralelo, numa cidade pequena e fantasmagórica, rodeada por uma muralha que a separa do resto do mundo, vivem seres humanos sem sentimentos. Habituados à ausência de emoções, todos estão sempre satisfeitos e em paz. Ninguém envelhece ou morre. A essa cidade nos confins do mundo chega um jovem incumbido de ler velhos sonhos. Com a ajuda da bibliotecária, ele se propõe a recolher recordações e fragmentos de vidas alheias, pertencentes a uma outra possível dimensão.
Aparentemente desconectadas, as duas narrativas vão se desenhando como opostas: realista e mítica, distópica e utópica, quente e fria. Aos poucos, a primeira vai se tornando mais fantástica, a segunda, menos folclórica, e elementos em comum começam a surgir: crânios de unicórnio, o Fim do Mundo, o fato de que ninguém tem nome, clipes de papel, sinestesias.
O Fim do Mundo e o impiedoso País das Maravilhas é um romance singular e inovador. Nele, Murakami conduz o leitor por uma trama em que um especialista em dados, um cientista perturbado e sua excêntrica neta — além da atriz Lauren Bacall, Bob Dylan, bandidos, bibliotecários e monstros subterrâneos — se unem em uma aventura fascinante.