A estrutura política projetada para os governos municipais do Brasil não traz benefício algum ao cidadão porque ela não se identifica com o universo dele e, simplesmente, reproduz um ritual presidencialista do Estado republicano, fragmentado em três níveis: federal, estadual e municipal. O município, criado para viabilizar o acesso do Estado ao cidadão pagador de impostos, funciona como obstáculo, porque pela frente há uma estrutura político-governamental que absorve o dinheiro antes de chegar ao povo. Acalorados debates pela redução da carga de impostos atravessam séculos, mas nunca saem da retórica de uma classe política cada vez mais ávida por dinheiro para alimentar suas vaidades. O município, que deveria ser o ponto de partida para propelir o desenvolvimento, faz o papel de cachimbo e o dinheiro é queimado sem deixar rastro, enquanto prefeitos despreparados prestam-se apenas ao papel de cabos eleitorais nas eleições federais.