Poéticas do Ensaio busca uma profunda reflexão a respeito dos limites e possibilidades da palavra poética. Nessa medida, a unidade que subjaz aos textos é mostrar que a palavra poética, necessariamente, não está apenas no que se denomina poema. Os autores que integram este livro, por caminhos diversos, mostram o quanto a palavra poética pode e deve estar presente nos textos em prosa dos mais variados gêneros.
Em épocas de esterilidade criativa e pretensa originalidade a poesia não se dobra aos supostos determinismos que lhe são atribuídos e, muito menos, a mecanismos de utilitarismo. A palavra poética pode se fazer presente, e isso é visceral, em textos filosóficos, científicos, jornalísticos e tantos outros.
A linguagem quanto mais literal e pretensamente objetiva, mais distante daquilo que busca representar, significar. O que seria de um romance se não fosse a poesia? O que seriam das obras verdadeiramente filosóficas sem literariedade? Um texto, (não importa a sua extensão ou conteúdo), necessita da poesia para se aproximar da intimidade do próprio autor e buscar alcançar o possível leitor. Somente desta forma poderá haver a tão sonhada intersubjetividade. Quase inapreensível. Inefável. Mas que por sua vez... é um dos únicos (ou o único?) caminhos que podem conduzir à solidariedade. Dimensão fundamental de sobrevivência humana.