Na apresentação do terceiro volume da série Quartetos de amor ficou estabelecido que aquele seria seu último tomo. Entretanto, após sua publicação, comecei a refletir sobre as diversas formas que podem impossibilitar o amor de se concretizar em uma união. O Amor não é uma condição necessária e suficiente (no sentido matemático estrito) para que duas pessoas que se amam possam vivê-lo plenamente. Esse fato, muito mais frequente que os amantes desejariam, transcende a filosofia do amor e tangencia outra questão filosófica que contrapõe a vontade à realidade.A literatura está cheia de exemplos. Lembremo-nos do conto romântico da mitologia grega envolvendo Píramo e Tisbe, registrado no livro Metaformoses, de Ovídio. Háquemdiga que este conto teria inspiradoShakespeare ao escrever a clássica história de Romeu e Julieta, mesmo sabendo-se que há versões anteriores dessa tragédia publicadas por autores italianos nos séculos XV e XVI. Nesses exemplos, há um consenso de que a morte é a única alternativa à impossibilidade de se vivenciar um grande amor. Tal perspectiva me assunta e, exatamente por isso, atraiu meu interesse, mesmo porque quem nunca viveu experiência parecida?É certo, não fui capaz de chegar a nenhuma conclusão mais definitiva sobre essas questões, muito menos de propor uma alternativa à morte, como saída do impasse criado por um impedimento amoroso, independentemente de sua natureza. Entretanto, assim mesmo, resolvi publicar este volume IV, temático, com os 30 quartetos que pincelam ou espelham algumas reflexões, sentimentos - em especial "a solidão, fim de quem ama" - que invadiram minha mente e meu coração, ao refletir sobre situações nas quais a vida pode nos privar de um grande amor, mesmo quando correspondido. Isso é tudo que o leitor encontrará aqui nessas páginas.Francisco Caruso