A poesia escrita por Alberto de Oliveira entre 2012 e 2024 nos guia pelo lixo comum de um cortiço qualquer no centro da cidade, no qual foram lançados os biquínis rasgados e desfiados de uma velha rainha da rumba; pelos corredores do prédio em que se ouve o barulho da panela de pressão e se sente o cheiro de feijão que vem do apartamento de Kate Kentinha; pelo cemitério em que o túmulo sem revestimento de uma moça de sobrancelhas desenhadas se encontra condenado à demolição; pelos camarins escuros e pelos quartos baratos de hotel e pensão em que estrelas de nenhum cabaré mantêm diabinhos presos em garrafas guardadas nas gavetas de suas penteadeiras; pelas zonas de meretrício da América Latina onde os espíritos selvagens vão encontrar uma bailarina exótica brasileira que foge de seu filho andarilho.
Traçando uma geografia singular do submundo, Oliveira sacraliza cada uma das entidades que coloca em cartaz: Suzy King, Maruja Dallas, Gilete Goma, Gilda Chavez, Dolores Jiboia, Baby Trottoir, Libertad de la Rosa Mystica, Tita Navalha, Guge Kloze e todas as cucas do bas-fond.

SOBRE O AUTOR

Alberto de Oliveira nasceu em Jundiaí-SP em 1992 e é poeta, escritor e pesquisador especializado na Música Popular Brasileira das primeiras seis décadas do século XX.

Com Alberto Camarero, forma a dupla Os Albertos, se dedicando ao resgate da memória artística nacional através de livros, filmes, shows e eventos.

A parceria teve início em 2012 e resultou no livro "Cravo na Carne - Fama e Fome: O Faquirismo Feminino no Brasil", publicado em 2015. O livro traça o perfil de onze mulheres que se dedicaram à arte do faquirismo em exibições públicas realizadas no país entre 1923 e 1959.

A dupla mantém uma série de blogs que divulgam suas pesquisas históricas trazendo à tona artistas esquecidos e marginalizados pela cultura oficial.

Em 2018, criaram o grupo ATRUPE - Arte Desacato, reunindo nos palcos da cena underground paulista performers de várias gerações e gêneros artísticos: antigas vedetes, cantoras da noite, dançarinos burlescos e transformistas.

A cineasta Helena Ignez transformou em um filme - "Fakir", lançado em 2019 - as pesquisas dos Albertos sobre o faquirismo nacional.

Entre 2020 e 2024, Os Albertos lançaram os filmes "A senhora que morreu no trailer" e "O Grande Espanto de Dorothy Boom", produzidos pela DGT Filmes, e os livros "Suzy King, a Pitonisa da Modernidade", "Divina Valéria" e "Eloína - Muito além das curvas".

"Socos na bailarina" é o primeiro livro de poesia de Oliveira.