Sons do silêncio: religião católica e educação escolar revela os processos conciliatórios que marcam a cultura brasileira e, em específico, a cultura escolar. Investigando a relação entre a religião católica e a educação pública escolar, com foco no estudo de caso de uma escola pública do interior de Minas Gerais, o livro aborda as representações sociais que circulam e que reproduzem séculos de valores hierarquizantes, nos quais as lógicas patriarcal, colonial, sexista e racista se mantêm naturalizadas no cotidiano social e educacional.
Ao discutir o percurso investigativo que elucidou os silêncios e os silenciamentos históricos que, de modo, ainda, inconsciente, reproduzem-se na instituição educacional escolar, o livro possibilita ao leitor entender a complexidade das relações simbólicas e os desafios à democratização das relações sociais.
Produzir uma sociedade democrática requer analisar a trajetória histórica de violência e silenciamento que origina o Brasil. Neste livro, educadores, pesquisadores e curiosos podem dialogar com a investigação feita, numa imersão teórica, histórica e política que reconhece a necessidade da formação continuada dos educadores, o papel social do Estado enquanto mediador do direito social da educação, bem como a importância da laicidade como valor necessário à educação pública. A democratização do país implica o reconhecimento da diversidade étnica e cultural que nos originou, mas, sobretudo, o compromisso com a ruptura dos processos de violência – físicas e simbólicas – que ainda reproduzimos no cotidiano, no senso comum.
O livro, por sua temporalidade histórica, mostra que é necessário desnaturalizar o tabu social de que “política e religião não se discute”. No Brasil, não por acaso, a bancada da Bíblia opera no Congresso Nacional. No texto que aqui se apresenta, podemos compreender que, de fato, a laicidade não é, ainda, um princípio social, e a democracia nos permitiu ver explicitamente as disputas entre as religiões pelos recursos públicos do Estado, sobretudo, após o golpe de 2016.
A publicação deste livro objetiva divulgar o estudo, dialogar com os avanços sociais pós-Constituição Federal de 1988, defender a necessidade do enfrentamento das injustiças sociais dirigidas aos negros, aos indígenas, às mulheres, e reafirmar as políticas afirmativas de direito como condição da democracia social.