"
Toda poesia de Augusto dos Anjos, com organização e prefácio de Ferreira Gullar, em novo projeto gráfico.
A poesia sincrética de Augusto dos Anjos está reunida em Toda poesia de Augusto dos Anjos, obra de grande importância histórica e artística. Incorporando linguagem científica e traços coloquiais, seus sonetos antecipam o modernismo e abordam assuntos cotidianos sob uma perspectiva crua e visceral que, embora chocante, se mostrou extremamente popular. Em 1928, seu livro Eu, cujas 58 poesias fazem parte dessa coletânea, vendeu 1.000 exemplares em quinze dias! Nesses poemas, a deterioração da matéria e o escatológico ganham uma faceta sublime, e a morte – científica, inevitável e ao mesmo tempo bem-quista – se apresenta como extrema materialidade.
Elementos autobiográficos e o contexto político são, assim, fundamentais para essa obra de desalento, melancolia e técnica que incomodou a crítica. Esta, aliás, demorou muito para se interessar pelos escritos de Augusto. Ferreira Gullar, autor do prefácio, corrige esse atraso e nos presenteia com uma análise precisa sobre a produção do poeta paraibano.
Influenciado por autores como Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe e Cruz e Sousa, Augusto combina minuciosamente temas polêmicos e sonoridade impressionantes, como nos versos: “Escarrar de um abismo noutro abismo/ Mandando ao Céu o fumo de um cigarro / Há mais filosofia neste escarro / Do que em toda a moral do cristianismo!”
Original e contemporâneo, Toda poesia de Augusto dos Anjos é um convite à reflexão sobre dilemas humanos e apreciação da boa poesia. Atemporal.
“Li o Eu na adolescência e foi como se levasse um soco na cara [...]. Ao espanto sucedeu intensa curiosidade [...]. Quis ler mais esse poeta diferente dos clássicos, dos românticos, dos parnasianos, dos simbolistas, de todos os poetas que eu conhecia [...]. Augusto dos Anjos continua sendo o grande caso singular da poesia brasileira.” Carlos Drummond de Andrade
“Lendo e relendo o Eu, sempre descobrimos coisas novas, estranhas e admiráveis. Suas rimas surpreendentes e extravagantes abrem horizontes nunca vistos; parece-se ele com os metaphycal poets ingleses, que não conhecia.” Otto Maria Carpeaux
"