Tradução da estrada é o primeiro livro da argentina Laura Wittner publicado no Brasil. Poeta e tradutora de mão cheia, Wittner combina essas duas atividades em versos que operam uma apurada reflexão sobre nossa forma de nomear o mundo a partir do cotidiano e dos afetos. Ao viver, pronunciamos as palavras, mas também somos pronunciados por elas.
Os poemas de Laura Wittner trazem um tempo singular que é, de certa forma, como o tempo da tradução: lento, reflexivo e que tem o encontro como horizonte. Como “traduzir” a estrada, os percursos, a própria vida? E como ver o doméstico, os gestos simples, o dia a dia com os filhos, as coisas que não percebemos habitualmente?
Ao citar o norte-americano William Carlos Williams, de quem se aproxima no gesto de tocar as palavras com precisão, Wittner coloca “as ideias nas coisas”, mas também transforma as coisas com as ideias, com os gestos, com o ritmo e andamento preciso e tocante do livro.
Luiza Leite, poeta e artista, escreve no texto de orelha que se trata do “livro de uma tradutora, como o título indica, mas o que reaparece é a tradução vagarosa da experiência sensível. Acompanhamos esse esforço paciente, em que tudo se expande num gesto imaginativo, enquanto Laura se desloca tocando a superfície dos dias”.
Se o horizonte de Tradução da estrada é o do encontro, que seus poemas possam tocar leitoras e leitores para que todos sigam juntos pela estrada, em busca do que mais importa.