A lista de toda a atividade que São Carlos Borromeu empreendeu pela Igreja parece não caber dentro de seus 46 anos de vida. Combina apenas com um homem que jamais perdia tempo algum, e que ainda dedicava parte importante de seu dia à meditação, às penitências e à oração. Apóstolo que não tinha descanso, ou melhor, que tinha seu descanso só nas coisas de Deus. Aos que lhe pediam para deixar o estudo e passear um pouco no jardim, respondia: “o Jardim de um bispo e de um eclesiástico é a Sagrada Escritura.”Ao lado do papa Pio IV, São Carlos será um dos grandes motores do Concílio de Trento. Ao lado de S. Pio V, será dos seus maiores executores. Deus não costuma erguer montanhas isoladas, e sim cordilheiras. Ao lado de São Inácio, São Pio V e São Roberto Belarmino, São Carlos foi um desses grandes picos da contrarreforma e, fazendo apenas sua obrigação como bispo, foi exemplo e regra para toda a Igreja.A influência de S. Carlos em seu século foi enorme. Uma só de suas intermediações, a que realizou na eleição do papa S. Pio V, já deveria nos ser causa de grande admiração. A leitura deste livro, tão belo retrato de S. Carlos, nos deve acender o desejo de estreitar os laços com tão poderosa autoridade, tão influente sobre príncipes, bispos e santos. Mas, a maior de suas influências a teve perante Deus, foi Esse na verdade quem lhe fez as vontades, realizando por meio de São Carlos tantas conversões.Particularmente tocante foi a atuação do santo na peste que atingiu Milão em 1576.Ainda que o tempo nos distancie, São Carlos nos alcança especialmente na reestruturação da liturgia e da disciplina eclesiástica feita com Trento. Nenhum outro concílio foi grande como Trento em tamanho e em importância. Nenhuma outra reforma perduraria por tanto tempo na história da Igreja, a ponto de essas muralhas construídas em Trento, com o grandíssimo auxílio de São Carlos, nos servirem de escudo e defesa ainda hoje, tempo de tantas outras reformas.