O poeta Mauro Gama, um dos mais respeitáveis críticos literários de nosso país, brinda seus leitores com Zoozona seguido de Marcas na noite (selo A Girafa), uma poesia que promove a comunhão de duas vertentes, que sempre o acompanharam, desde o início de suas criações. ”Uma voltada para dentro, subjetiva, lírica, introspectiva, e a outra voltada para fora, objetiva, social e até política, satírica com freqüência.”, nos revela o poeta.“Com efeito, em Zoozona a fala rítmica, que domina todos os recursos da sintaxe poética com a naturalidade de um passeio pelo pensamento que a informa, reflete também, na sua vertigem entrecortada, acionadora de um poder imagístico incomum, o mundo fragmentado pela destruição da vida no planeta, das relações humanas e de um Eros mandados para o espaço pela globalização da ciranda financeira.”, reforça Lélia Coelho Frota (escritora, antropóloga, historiadora de arte, crítica literária e especialista em cultura popular).Zoozona seguido de Marcas na noite divide-se ou une-se, como quiser o leitor definir, em dois livros Zoo e Marcas da Noite, o que o autor chama de Duas faces, uma fisionomia, em seu ‘papo com o leitor’, com o qual ele começa seu 2 em 1. “O Zoozona, que aqui vem a público (depois de longamente boicotado por zoozonóides diversos), tem muito da atitude do Anticorpo (um de meus primeiros livros) e seu sentido crítico, na relação com o mundo, com os seres e as coisas. Acontece que, junto deste, e tanto gerada pelo mesmo processo do Expresso na noite como dentro de sua fase, ficara à espera de edição a coletânea Marcas na noite, de feição mais sombria e, às vezes, menos sóbria, com perdão, se preciso, pelo jogo de palavras. Vi então, na oportunidade de que ora desfrutamos, a vantagem de juntar dois dos livros em que o assinalado contraste se observa, com o acréscimo, aqui, da circunstância de o próprio Zoozona já ser duplo em sua estrutura e, por assim dizer, duplamente objetivo: achei, com isso, que seu colorido, sua exuberância interna conviveriam em boa paz com o lirismo escuro das Marcas. Afinal, a complementação, se não é o melhor requisito da harmonia, é quase sempre seu componente mais frutífero.”, descreve Mauro Gama.