Única, inconfundível, absoluta e inesquecível. A Mulher de Roxo se confunde com a história da cidade de Salvador a partir da década de 60, quando ela surgiu nas ruas, já então uma dama misteriosa. A imagem daquela figura ímpar, etérea, poética e coberta de segredos está gravada na memória de qualquer pessoa que tenha tido o prazer de tê-la visto caminhando pela Rua Chile Ou Baixa de Sapateiros, ainda que somente uma vez. É impossível ficar indiferente a ela, uma personagem rica em segredos e nuances que mostram bem a história de Salvador e seus personagens, sempre tão folclóricos. As versões para a história da Mulher de Roxo, suas origens e caminhos, são muitas. Não se pode dizer exatamente qual é a verdadeira, até porque, se ela permanece viva na memória do povo baiano, é justamente porque se transformou em um mito. E mitos são cercados de verdades improváveis e mentiras repetidas Além do mais, como diria John um Ford se a lenda é mais divertida que a vida real, publique-se a lenda . Independente de contar a história verdadeira, este é um trabalho de pesquisa, e os fatos contados aqui, assim como as pessoas retratadas, são reais, foram pesquisados e checados. O que existe, além disso, é um pouco de romance, para fazer jus à Mulher de Roxo, tão impregnada de simbolismo. Diferentes de outros personagens baianos, a Mulher de Roxo não era artista, política, nunca esteve nas altas rodas da sociedade nem foi homenageado por seus feitos intelectuais. A única coisa que ela fez - e ninguém o fez com tanta maestria - foi estar nas ruas de Salvador, como se fosse dona do seu destino e do espaço que ocupavam. É essa atitude que faz dela a senhora de todas as cores e caminhos. A Mulher de Roxo é assim: por onde passa, deixa sua marca.